A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 60 / 117

tão bom respirar, e a luz brilhante

Do sol oriental saudar no outeiro!

Ai, na manhã saudá-la posso ainda;

Mas será este Inverno o derradeiro!

Quando de pomos o vergel for cheio;

Quando ondear o trigo na planura;

Quando pender com áureo fruto a vide

Eu também penderei na sepultura.

Dos que me cercam no turbado aspecto,

Na voz que prende desusado enleio,

No pranto a furto, no fingido riso

Fatal sentença de morrer eu leio.

Vistes vós criminoso, que hão lançado

Seus juízes nos trances da agonia,

Em oratório estreito, onde não entra

Suavíssima luz do claro dia;

Diante a cruz, ao lado o sacerdote,

O cadafalso, o crime, o algoz na mente,

O povo tumultuando, o extremo arranco,

E Céu, e Inferno, e as maldições da gente?

Se adormece, lá surge um pesadelo,

Com os martírios da sua alma acorde;

Desperta logo, e à terra se arremessa,

E os punhos cerra, e delirante os morde.





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