A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 69 / 117

..

RESIGNAÇÃO

No teu seio, reclinado

Dormirei, Senhor, um dia,

Quando for na terra fria

Meu repouso procurar;

Quando a lousa do sepulcro

Sobre mim tiver caído,

E este espírito afligido

Vir a tua luz brilhar!

No teu seio, de pesares

O existir não se entretece;

Lá eterno o amor florece;

Lá florece eterna paz:

Lá bramir junto ao poeta

Não irão paixões e dores,

Vãos desejos, vãos temores

Do desterro em que ele jaz.

Hora extrema, eu te saúdo!

Salve, ó trevas da jazida,

Donde espera erguer-se à vida

Meu espírito imortal!

Anjo bom, não me abandones

Neste trance dilatado;

Que contrito, resignado,

Me acharás na hora fatal.

E depois... perdoa, ó anjo,

Ao amor do moribundo,

Que só deixa neste mundo

Pouco pó, muito gemer.





Os capítulos deste livro