A Harpa do Crente - Cap. 1: A SEMANA SANTA Pág. 7 / 117

do abismo os moradores,

Vendo o hipócrita vil, mais ímpio que eles,

Que escarnece do Eterno, e a si se engana;

Vendo o que julga que orações apagam

Vícios e crimes, e o motejo e o riso

Dado em resposta às lágrimas do pobre;

Vendo os que nunca ao infeliz disseram

De consolo palavra ou de esperança.

Sim: malvados também hão-de pisar-lhes

Os frios restos que separa a terra,

Um punhado de terra, a qual os ossos

Destes há-de cobrir em tempo breve,

Como cobriu os seus; qual vai sumindo

No segredo da campa a humana raça.

VIII

Eis que a turba rareia. Ermam bem poucos

Do templo na amplidão: só lá no escuro

De afumada capela o justo as preces

Ergue pio ao Senhor, as preces puras

De um coração que espera, e não mentidas

De lábios de impostor, que engana os homens

Com seu meneio hipócrita, calando

Na alma lodosa da blasfémia o grito.





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