A Harpa do Crente - Cap. 6: A TEMPESTADE Pág. 80 / 117

pobre, e aos pés calcado

De quanto há vil no mundo,

Santas inspirações morrer sentindo

Do coração no fundo,

Sem achar no desterro uma harmonia

De alma, que a minha entenda,

Porque seguir, curvado ante a desgraça,

Esta espinhosa senda?

Torvo o oceano vai! Qual dobre, soa

Fragor da tempestade,

Salmo de mortos, que retumba ao longe,

Grito da eternidade!...

Pensamento infernal! Fugir covarde

Ante o destino iroso?

Lançar-me, envolto em maldições celestes,

No abismo tormentoso?

Nunca! Deus pôs-me aqui para apurar-me

Nas lágrimas da Terra;

Guardarei minha estância atribulada,

Com meu desejo em guerra.

O fiel guardador terá seu prémio,

O seu repouso, enfim,

E atalaiar o sol de um dia extremo

Virá outro após mim.

Herdarei o morrer! Como é suave

Bênção de pai querido.





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