A Harpa do Crente - Cap. 1: A SEMANA SANTA Pág. 9 / 117

Criou-se, acaso,

Do poeta na mente, ou desvendou-lhe

A mão de Deus o íntimo ver da alma,

Que devassa a existência misteriosa

Do mundo dos espíritos? Quem sabe?

Dos vivos já deserta, a igreja torva

Repovoou-se, para mim ao menos,

Dos extintos, que ao pé das santas aras

Leito comum na sonolência extrema

Buscaram. O terror, que arreda o homem

Do limiar do tempo às horas mortas,

Não vem de crença vã. Se fulgem astros,

Se a luz da Lua estira a sombra eterna

Da cruz gigante (que campeia erguida

No vértice do tímpano, ou no cimo

Do coruchéu do campanário) ao longo

Dos inclinados tectos, afastai-vos!

Afastai-vos daqui, onde se passam

À meia-noite insólitos mistérios;

Daqui, onde desperta a voz do arcanjo

Os dormentes da morte; onde reúne

O que foi forte e





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