Mais uma vez ela se afastou, escutando, mas quando ele voltou a puxá-la para si ela apercebeu-se de que ele não dissera mais nada senão «Meu amor! Meu amor!» naquele murmurar profundo e triste que sempre a fazia chorar. Humildemente, obedientemente, as suas emoções cederam e as lágrimas correram-lhe pelas faces, mas o coração continuava a gritar: «Pede-me! - oh, Anson, pede-me!»
- Paula... Paula!
As palavras abertavam-lhe o coração como se fossem mãos e Anson, sentindo-se tremer, teve a certeza de que a emoção era o suficiente. Não era preciso dizer mais nada, empenhar os destinos de ambos num possível risco. Porque havia de o fazer se podia prendê-la assim, esperando a sua hora, durante mais de um ano, para sempre? Pensava nos dois, mais nela do que nele. Por um momento, quando ela disse de repente que tinha de voltar para o hotel, ele hesitou, pensando primeiro: «E este o momento, afinal» e depois: «Não; vamos esperar - ela é minha ... »
Esquecera-se de que também Paula estava cansada por dentro pela tensão de três anos -. A disponibilidade dela desapareceu para sempre naquela noite.
Ele regressou a Nova Iorque na manhã seguinte tomado de certa insatisfação inquieta. No fim de Abril, sem que o esperasse, recebeu um telegrama de Bar Harbour em que Paula lhe comunicava que estava noiva de Lowell Thayer e que se casariam imediatamente em Boston.
O que ele nunca acreditara que pudesse acontecer, acontecera por fim.
Anson encheu-se de whisky nessa manhã, e no escritório trabalhou sem interrupção - talvez com certo receio do que poderia acontecer se parasse. Nessa noite saiu como de costume, nada dizendo do que tinha acontecido; esteve cordial, de bom humor, atento. Mas uma coisa não conseguiu evitar: durante três dias, em qualquer lugar onde estivesse, com qualquer companhia, punha subitamente a cabeça entre as mãos e chorava como uma criança.
