- Edith - voltando-se para ela com um grande esforço de autocontrole. - Nem te sei dizer o que significa para mim saber que ainda existe uma pessoa que se interessa por mim.
Estendeu o braço e acariciou-lhe a mão, e involuntariamente ela retirou-a.
- É bem amável da tua parte - repetiu ele.
- Bom - disse ela devagar, olhando-o nos olhos. - Fica-se sempre satisfeito por encontrar um velho amigo, mas lamento ver-te neste estado, Gordon.
Houve um silêncio enquanto olhavam um para o outro e a vivacidade momentânea nos olhos dele desvaneceu-se. Ela levantou-se e ficou a olhá-lo, de rosto inexpressivo.
- Vamos dançar? - sugeriu friamente.
O amor é frágil - pensava - mas talvez se tenha salvo alguma coisa: as palavras suspensas dos lábios e que podiam ter sido ditas. As novas palavras de amor, a ternura descoberta e ciosamente guardada para o próximo amante.
V
Peter Himmel, o acompanhante da encantadora Edith, não estava habituado a ser humilhado; como fora humilhado, estava ofendido e embaraçado, e com vergonha de si mesmo. Durante uns dois meses tinha-se correspondido com Edith Bradin em termos especiais e, sabendo que a única justificação e explicação para cartas especiais é o seu valor sentimental julgara-se senhor do terreno. Procurava em vão uma razão para ela ter tornado aquela atitude por causa de um simples beijo.
Assim, quando foi interrompido pelo homem de bigode, saiu para o vestíbulo e, tendo construí do uma frase, repetiu-a várias vezes para si próprio. Bastante resumida, era assim:
«Bem, se alguma vez uma mulher.' andou a entreter um homem e depois lhe deu com os pés, foi ela - e esteve-se nas tintas por eu sair danado.»
Assim, atravessou a sala de jantar e dirigiu-se para urna sala contígua que tinha localizado anteriormente.