As Viagens de Gulliver - Cap. 5: Capítulo III Pág. 190 / 339

Quando o íman se coloca paralelamente ao horizonte, a ilha permanece imóvel; nesta circunstância, os pólos, ao estarem equidistantes da terra firme, actuam com igual força, uma de atracção, outra de repulsão, e consequentemente as duas anulam-se, não existindo possibilidade de movimento.

Uma equipa de astrónomos cuida do íman pelo que, de quando em quando, estabelecem a posição ordenada pelo monarca. Passam a maior parte da vida a estudar os corpos celestes, mediante a ajuda de telescópios muito superiores ao nosso. Porque, apesar de que os seus maiores telescópios não ultrapassem os três pés de comprimento, aumentam muito mais que os nossos enormes aparelhos de cem pés e, ao mesmo tempo, mostram as estrelas com maior precisão. Estas vantagens permitiram-lhes superar em muito as descobertas dos astrónomos europeus. Catalogaram dez mil estrelas fixas, enquanto os nossos não ultrapassaram um terço daquele número. Descobriram também duas estrelas menores ou «satélites» que giram em redor de Marte. O que tem a órbita mais curta dista exactamente três diâmetros do centro do planeta principal; o outro, cinco diâmetros. O primeiro leva dez horas a descrever uma órbita; o segundo, vinte e uma horas e meia, de modo que o quadrado do seu tempo de revolução é aproximadamente proporcional ao cubo da sua distância de Marte, o que mostra que são governados pela mesma lei de gravitação que rege os outros corpos celestes.

Observaram noventa e três cometas diferentes e estabeleceram a sua periodicidade com grande precisão. Se isto é, na verdade, certo (e eles afirmam-no com segurança) seria desejável que tais estudos se publicassem de modo a que a teoria dos cometas, até hoje incompleta e defeituosa, adquirisse a mesma solidez que outros ramos da astronomia.





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