As Viagens de Gulliver - Cap. 6: Capítulo IV Pág. 256 / 339

CAPÍTULO II

O autor é levado para casa de um houyhnhnm. Descrição desta. Acolhimento ao autor. O alimento dos houyhnhnms. Dificuldades do autor por falta de comida e modo como as soluciona. O seu regime alimentar naquele país.

Ao fim de umas três milhas chegámos a uma espécie de edifício alongado, construído à base de vigas encravadas na terra e entrelaçadas. O tecto era baixo e de palha. Comecei a sentir-me um pouco mais animado e tirei algumas das bugigangas idênticas às que os viajantes costumam oferecer aos índios selvagens da América ou de outros lugares, esperando que os habitantes da casa me dispensassem um acolhimento amistoso. O cavalo indicou-me que entrasse em primeiro lugar. A habitação era ampla com o chão de argila liso. Por uma das paredes estendia-se um estábulo com a manjedoura. Havia três potros e duas éguas. Não comiam, estando alguns sentados sobre os quartos traseiros, o que me encheu de espanto, mas mais surpreendido fiquei ao ver outros a dedicarem-se a afazeres domésticos. Tinham o aspecto de cavalos vulgares, o que deu mais força à minha convicção de que o povo que podia civilizar até tal ponto animais irracionais devia ultrapassar em inteligência todas as nações do universo. O cavalo cinzento entrou logo atrás de mim, o que impediu qualquer eventual mau trato por parte dos restantes. Relinchou-lhes várias vezes de modo autoritário e eles responderam com relinchos.

No seguimento daquele aposento havia outros três que ocupavam a casa em todo o comprimento. Passava-se de um para outro através de três portas alinhadas, o que proporcionava uma bela perspectiva. Atravessámos o segundo aposento em direcção ao terceiro.





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