- Interessante! - respondi. - Mas não convincente.
Como pode provar que se trata da mesma mulher?
- Já lá vamos. A narrativa relata o comportamento da mulher durante a questão: "Quando o executor se aproximou, ela reconheceu-o devido às cordinhas que ele segurava, e logo lhe estendeu as próprias mãos ao mesmo tempo que o observava dos pés à cabeça sem pronunciar uma palavra." Foi assim?
- Sim.
- "Ela fitou sem pestanejar o cavalo de madeira e os anéis que haviam- torcido tantos membros e provocado tantos gritos de agonia. Quando os seus olhos se pousaram nos três baldes de água que tinham sido preparados, disse a sorrir: "Toda esta água deve ter sido trazida para aqui com o intuito de afogar-me, senhor. Não pretende, penso, fazê-la engolir toda por uma pessoa tão pequena como eu?" Leio-lhe os pormenores do suplício?
- Não, pelo amor de Deus!
- Eis uma frase que lhe provará que o que está relatado neste livro pertence de facto à cena a que assistiu esta noite:
"O bom abade Pirot, incapaz de contemplar os sofrimentos que iam ser infligidos à supliciada, precipitou-se para fora da sala.