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Capítulo 5: O FUNIL DE CABEDAL

Página 125
" Isto convence-o?

- Em absoluto. Está fora de dúvida que se trata realmente do mesmo acontecimento. Mas então quem é essa dama tão encantadora que conheceu um fim tão horrível?

Dacre aproximou-se de mim e colocou o pequeno candeeiro na mesinha de cabeceira. Levantando o funil maldito, rodou o aro de cobre para que a luz o iluminasse em cheio. Vistas assim, as gravuras pareceram-me mais claras do que na véspera à noite.

- Tínhamos já verificado que isto era o emblema de um marquês ou de uma marquesa. Tínhamos igualmente estabelecido que a última letra era um B.

- Incontestavelmente.

- Faço-lhe agora uma sugestão: as outras letras não são, da esquerda para a direita, um M um outro M um d pequeno, um A um d pequeno, depois o B final?

- Sim, acho que tem razão. Distingo os dois d pequenos muito nitidamente.

- O que acabo de dizer-lhe - declarou Dacre -, é o registo oficial do processo de Marie-Madeleine d'Aubray, marquesa de Brinvilliers, uma das mais célebres envenenadoras de todos os tempos.

Calei-me. Sentia-me perturbado pelo carácter extraordinário do incidente e pela natureza formal da prova que Dacre me fornecera. Recordava-me vagamente de alguns pormenores da carreira desta mulher, do seu deboche desenfreado, das torturas deliberadas e premeditadas que infligira ao pai doente, do assassínio dos irmãos por motivos de interesse doméstico. Recordei-me também da coragem que tinha manifestado nos seus derradeiros momentos e que resgatara um pouco os seus crimes, assim como da simpatia que Paris inteiro lhe manifestara aquando da sua execução: alguns dias depois de tê-la amaldiçoado como envenenadora, os Parisienses haviam-na, de facto, abençoado como uma mártir. Uma objecção, e uma única, me ocorreu:

- Como é que as suas iniciais e o seu brasão puderam ser gravados no funil? Suponho que não levavam o respeito medieval devido aos nobres ao extremo de decorarem com os seus títulos os instrumentos do seu suplício!

- Esse ponto intrigou-me igualmente - admitiu Dacre.

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pág. 125 (Capítulo 5)

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Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 125

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127