Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 34 / 136

Seria preciso nada menos do que uma disputa séria para fazê-lo compreender toda a aversão que esta questão me inspira.

Estou absolutamente seguro de que tem algum novo mesmerista ou vidente, algum médium, algum fazedor de truques para nos exibir, porque até nos seus divertimentos ele encaixa a sua ideia favorita.

Bah!, em todo o caso será uma festa para Agathe!

Estas coisas atraem-na, porque as mulheres interessam-se geralmente por tudo o que é vago, misterioso, indefinido.

10 da noite. Este hábito que tenho de manter um diário provém, ao que me parece, do tal feitio de espírito científico que aqui mesmo anotei esta manhã.

Gosto de registar as impressões enquanto ainda estão bem frescas.

Pelo menos uma vez por dia trato de definir o meu estado mental.

É uma prática útil para a análise de si próprio, e imagino que isso concorre para dar firmeza ao carácter.

Devo confessar francamente que o meu muito precisa que eu faça todo o possível para fortalecê-lo. Receio imenso que, apesar de tudo, o meu temperamento nevrótico retome o domínio e que eu fique distante dessa precisão fria e calma que caracteriza Murdoch ou Pratt-Haldane.

Sem isso, seria possível que as excentricidades de que fui testemunha esta noite houvessem sacudido os meus nervos ao ponto de deixar-me todo confuso?

A única coisa que me reconforta é que nem Wilson, nem miss Penelosa, nem mesmo Agathe suspeitaram um instante que fosse da minha fraqueza.

E que havia então no mundo capaz de agitar-me? Nada ou tão pouca coisa que, no momento de escrevê-lo, considero isso risível.

Os Marden chegaram antes de mim a casa de Wilson.

Na verdade, fui um dos últimos a aparecer e dei com a sala cheia de gente.

Mal tiveram tempo de dizer uma palavra a mrs.





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