Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 48 / 136

É necessário manter sempre a conexão, por assim dizer. Receio exprimir-me em termos incorrectos, professor Gilroy, mas não sei como dar a essas coisas uma forma científica. O que lhe indico aqui são as coisas que experimentei e a minhas próprias explicações.

Ora bem, agora que reli tudo isto à vontade, espanto-me comigo próprio.

Era, na verdade, aquele Austin Gilroy, que conquistou um lugar na primeira fila graças à firmeza inexorável do seu raciocínio e à sua devoção aos factos?

Aqui estou eu ocupado a registar gravemente as tagarelices de uma mulher que me disse ser capaz de projectar a alma para fora do seu corpo e que, enquanto fica em letargia, está em condições de dirigir de longe os actos dos outros!

Devo aceitar isto? Certamente que não.

Ela tem que provar, que provar peremptoriamente antes que eu ceda um ponto. Mas se permaneci céptico, deixei de ser escarnecedor.

Vamos ter uma sessão esta noite, e ela tentará produzir um qualquer efeito mesmérico sobre mim.

Se puder, será um excelente ponto de partida para as minhas pesquisas.

Em todo o caso, ninguém poderá acusar-me de cumplicidade.

Se não puder, procuraremos arranjar algum paciente que seja como a mulher de César.

Quanto a Wilson está absolutamente impenetrável.

10 da noite. Creio que estou na véspera de descobertas da máxima importância.

Possuir o poder de examinar estes fenómenos pelo seu lado interior, ter um organismo que reage e ao mesmo tempo um cérebro que aprecia e controla, é seguramente uma vantagem inapreciável.

Estou plenamente seguro de que Wilson daria cinco anos de vida para possuir a impressionabilidade que a experiência me fez reconhecer em mim mesmo.

As únicas pessoas presentes eram Wilson e a mulher.





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