- Mas eu esperava...
- Ah!, isso é outra coisa. Se se trata de uma questão pessoal - disse ela com o mais gracioso dos sorrisos -, ficarei feliz por contar-lhe tudo o que desejar saber. Vejamos, o que é que me pergunta? Ah, sim, é acerca do tema dos outros poderes. O professor Wilson não quer acreditar neles, mas nem por isso deixam de ser certos. Por exemplo, é possível a um operador conquistar um império completo sobre o seu tema com a condição de que esse tema seja bom. Sem que nenhuma sugestão precedente haja ocorrido, pode forçá-lo a fazer o que ele quiser.
- Sem o paciente saber?
- Isso depende. Se a força estiver aplicada energicamente, ele não saberá mais do que miss Marden sabia quando foi direitinha a sua casa e lhe meteu um susto enorme. Ou então, se a influência for menos forte, ele poderia saber o que faz e, apesar disso, ser incapaz de impedir-se de fazê-lo.
- Então, teria perdido a faculdade de querer?
- Seria dominado por uma outra, que seria mais forte.
- A senhora exerceu essa faculdade pessoalmente?
- Diversas vezes.
- Então a sua vontade é muito forte.
- Mas não é a única condição necessária. Muitos homens possuem uma vontade forte que não conseguem projectar para fora de si mesmos. O essencial é possuir o dom de projectá-la numa outra pessoa e de substituí-la àquela que aí se encontra. Reconheci que esta faculdade varia em mim conforme a minha saúde e a minha força.
- Em suma, envia a sua alma para o corpo de outrem.
- Seja, pode indicar a coisa dessa forma.
- E que faz o seu próprio corpo?
- Fica simplesmente sob uma sensação de letargia.
- Mas não existe nenhum perigo para a sua própria saúde?
- Poderia haver um pouco. Deve-se cuidar atentamente de não deixar escapar por completo a nossa consciência, pois de outro modo poderíamos sentir alguma dificuldade em nos reencontrarmos.