Nunca fui, seguramente, tão fraco como sou agora.
Às quatro horas, teria sorrido se me tivessem dito que nessa noite iria a casa de miss Penelosa e, no entanto, às oito horas, estava, como de costume à porta de Wilson.
Não sei como isso aconteceu: a influência do hábito, suponho. Talvez exista uma mania de magnetismo, como existe uma opiomania, e eu seria uma vítima dela.
Tudo o que sei é que, estando a trabalhar no meu gabinete, senti-me cada vez mais enervado: andava de um lado para o outro sem objectivo, agitava-me sem motivo, não conseguia concentrar a atenção nos papéis que tinha à minha frente. Então, por fim, antes mesmo de dar-me conta do que fazia, peguei no chapéu e apressei-me a sair para ir ao meu encontro habitual.
Foi um serão interessante.
Mrs. Wilson esteve presente durante a maior parte da reunião, o que fez desaparecer o embaraço que um de nós dois, pelo menos, teria sentido.
Os modos de miss Penelosa foram iguais aos do costume, e não exprimiu nenhuma surpresa quando me viu aparecer, apesar do meu bilhete.
Nada havia na sua atitude que mostrasse que o incidente da véspera deixara nela uma qualquer impressão, de maneira que pude, até certo modo, esperar que houvesse exagerado as coisas.
6 de Abril, à noite. Não, não, não as exagerei.
Não posso fechar por mais tempo os olhos à evidência: esta mulher concebeu uma paixão por mim.
É monstruoso, mas é verdade.
Uma vez mais, está noite, ao despertar do transe mesmérico, encontrei-me com a minha mão na dela, o espírito repleto da odiosa sensação que me leva a espezinhar a minha honra, o meu futuro - tudo -, a lançar tudo aos pés desta criatura, que não possui nenhum encanto terrestre, como tão bem vejo quando estou fora da sua influência.