Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 54 / 136

O que é que isto significava?

Estou encarregado de ensinar aos outros o jogo do nosso organismo, e que sei eu próprio disso?

Fora a súbita maturação de certos princípios profundamente enterrados na minha essência, um instinto da besta ancestral que se reafirmara de súbito?

Estava muito perto de acreditar nos contos de possessão demoníaca, a tal ponto o sentimento era forte.

Mas eis que este incidente me coloca numa situação das mais embaraçosas.

Por um lado, sinto-me muito aborrecido por renunciar a uma série de experiências que já chegaram muito longe, e que prometem resultados muito brilhantes. Por outro lado, se eu... Claro que não, se esta infeliz mulher concebeu uma paixão por mim... Nada disto, devo ter agora cometido mais um equívoco terrível.

Ela! Com a sua idade, com a sua deformidade!

E depois, sabia do meu compromisso perante Agathe.

Compreendia em que situação eu me achava.

Se sorrira, fora simplesmente porque se tinha divertido, talvez, quando no meu estado de vertigem lhe peguei na mão.

Fora o meu cérebro semi-magnetizado que interpretara assim as coisas e que, num impulso bestial, se apressara a lançar-me nesta Via.

Gostava de poder convencer-me de que era realmente assim.

Tudo bem considerado, penso que o plano mais prudente seria adiar as nossas novas experiências para depois do regresso de Wilson.

Escrevi, por conseguinte, a miss Penelosa uma carta onde, sem fazer qualquer alusão à última noite, lhe disse que trabalhos urgentes me obrigavam a interromper as nossas sessões por alguns dias.

Ela deu uma resposta, assaz seca, para dizer-me que, se mudasse de ideias, a encontraria em casa à hora habitual.

10 da noite. Ora bem, que haste de palha eu sou.





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