Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 69 / 136

Poderá pôr na minha boca a linguagem que lhe aprouver, mas não poderá esquecer...

Calei-me porque a mulher tinha descaído para trás, desmaiada.

Não se sentia capaz de escutar até ao fim o que eu tinha para dizer-lhe.

Que ardente sensação de triunfo sinto ao pensar que, seja o que for que doravante aconteça, ela já não pode ter ilusões acerca dos meus verdadeiros sentimentos a seu respeito!

Mas que vai acontecer doravante? Não me atrevo a pensar nisso.

Oh, se pudesse esperar que ela me deixaria tranquilo!

Mas quando penso no que lhe disse...

Pouco importa, pelo menos uma vez terei sido mais forte do que ela.

11 de Abril. Quase não dormi esta noite e de manhã Senti-me tão abatido, tão febril que fui obrigado a pedir a Pratt-Haldane que desse a aula em vez de mim.

Foi a primeira vez em que me terei ausentado. Levantei-me ao meio-dia, mas a cabeça dói-me, as minhas mãos estão tremulas e os nervos num estado lastimável.

E eis que recebi esta noite uma visita.

Quem acreditaria? A de Wilson em pessoa. Acaba de regressar de Londres, onde fez conferências, desmascarou um médico, dirigiu uma série de experiências sobre a transposição do pensamento, recebeu o professor Richet de Paris, passou ~oras a olhar para um cristal e obteve alguns resultados relativamente à penetração da matéria pela matéria.

Atirou-me tudo isto aos ouvidos de um só jacto.

-. Mas tu - exclamou por fim -, tu não tens um ar bem disposto. E miss Penelosa acha-se mergulhada numa prostração completa. E as experiências? Como vão elas?

- Abandonei-as.

- Bah! E porquê?

- Esse estudo parece-me perigoso.

E surgiu logo o seu grosso bloco de notas castanho.

- Aí está o que tem um grande interesse - disse. Que motivos possuis para dizer que esse estudo é perigoso? Por favor, indica-me os factos por ordem cronológica, com as datas aproximativas, e os nomes de testemunhas dignas de fé, com as suas moradas precisas.





Os capítulos deste livro