Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 78 / 136

Talvez se apresente uma hipótese nova...

28 de Abril A suspensão das minhas aulas teve pelo menos o efeito de retirar-lhe os meios de perseguir-me, e usufruí assim de dois dias de felicidade e de tranquilidade.

Afinal não tenho nenhum motivo para desesperar.

Os testemunhos de simpatia chegam-me de todos os lados, e toda a gente reconhece que a minha dedicação à ciência e a natureza árdua das minhas pesquisas abalaram o meu sistema nervoso.

O conselho enviou-me uma carta, concebida nos termos mais afectuosos, na qual me incitam a fazer uma viagem prolongada e exprimem a convicção e a esperança de que eu fique à altura de retomar o meu serviço no início do semestre de Verão.

Nada poderia ser mais lisonjeador do que a linguagem com que aludem ao meu passado, aos serviços que eu prestara à Universidade.

É só na desgraça que podemos obter a prova da nossa popularidade.

Esta criatura talvez se canse de atormentar-me e então tudo se comporá. Que Deus me oiça!

29 de Abril A nossa pequena cidade sonolenta teve o seu pequeno acontecimento sensacional.

A única forma em que o crime ali se produz é quando um oficial subalterno zaragateiro parte alguns bicos de gás ou se bate com um polícia.

Mas na noite passada houve uma tentativa de assalto à sucursal do Banco de Inglaterra e, por conseguinte, toda a gente daqui anda sobreexcitada.

Parkurson, o director, é meu amigo íntimo, e encontrei-o muito agitado quando passei por lá durante um passeio.

Se os ladrões tivessem conseguido penetrar nos escritórios, teriam ainda de contar com as caixas-fortes, de modo que a defesa estava bem melhor armada do que o ataque. E, para dizer a verdade, esta não parece ter sido muito formidável.

Duas janelas do rés-do-chão mostram as marcas de uma tesoura ou de uma qualquer outra ferramenta introduzida por baixo a fim de forçá-las a abrir-se.





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