O Sinal dos Quatro - Cap. 7: 7 - O Episódio do Barril Pág. 55 / 133

Ela própria abriu a porta. Era uma mulher de meia-idade, graciosa, e causou-me alegria a ternura com que pôs o braço à roda da cintura da outra e a voz maternal com que a saudou. Era evidente que não a considerava uma simples empregada, mas uma boa amiga. Fui apresentado. A Sr.ª Forrester convidou-me a entrar para que lhe contasse as nossas aventuras. Expliquei, porém, a importância da missão de que fora incumbido e prometi sinceramente comunicar qualquer novidade que surgisse nas nossas investigações. Quando a carruagem já se afastava olhei para trás, e parece que ainda vejo aquela cena - duas figuras graciosas à entrada de casa, a porta entreaberta, a luz do vestíbulo através da vidraça colorida, o barómetro e os varões brilhantes da passadeira. Era um vislumbre reconfortante, ainda que rápido, de um tranquilo lar inglês no meio da história cruel e deprimente em que nos víramos envolvidos.

E quanto mais pensava em tudo o que acontecera mais me parecia cruel e deprimente. Revi toda aquela extraordinária sequência de acontecimentos enquanto seguia pelas silenciosas ruas iluminadas a gás. O problema inicial estava agora completamente esclarecido. A morte do capitão Morstan, o envio das pérolas, o anúncio, a carta - fôramos elucidados acerca desses acontecimentos que, no entanto, apenas tinham conduzido a um mais profundo e trágico mistério. O tesouro indiano, o curioso mapa descoberto na bagagem de Morstan, a estranha cena na altura da morte do major Sholto, a redes coberta do tesouro imediatamente seguida pelo assassínio do descobridor as singulares circunstâncias do crime, as pegadas, as armas peculiares, as palavras sobre o papel correspondendo às inscritas sobre o mapa do capitão Morstan - aqui estava, na verdade, um labirinto complexo.





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