Eneida - Cap. 8: Eneias em Apuros Pág. 144 / 235

De pé na alta popa, respondeu então Eneias, estendendo-lhe o símbolo da paz, um ramo de oliveira:

— Somos troianos, inimigos dos latinos. Estes perseguem-nos e querem mover-nos uma guerra cruel. Procuramos o rei Évandro. Leva-lhe a noticia de que nós, dardanios, o queremos como aliado nas armas.
Espantado com o que ouvia, pois a fama dos nomes de Tróia e de Eneias era sobejamente conhecida por aquelas paragens, Palas respondeu alvoroçado:

— Desembarca e vem à presença de meu pai. Fala-lhe, entrando como hóspede em nossos lares.

Dirigindo-se aos troianos, apertou a mão direita de Eneias e seguiram os dois para dentro do bosque sagrado. Ao encontrar Evandro, Eneias falou:

— Ó tu, melhor dos gregos, a quem quiseram os destinos que eu me apresentasse com o ramo de oliveira, propondo paz e pedindo aliança. Apesar de teres sido um dos capitães que destruíram a nossa linda cidade com o ferro e o fogo, não tenho medo. Ao contrário, sabia que me receberias com prazer, pois, quando recuamos no tempo e procuramos os nossos antepassados, vemos que as duas raças tiveram origem numa só raiz. Não te enviei mensageiro. Eu mesmo vim e como penhor das minhas boas intenções ofereço a minha própria vida. A nação latina — que há muito combates em guerra cruel — quer expulsar-nos do Tibre para que, dominando todo o litoral da Hespéria, de alto a baixo, possa finalmente fazer curvar os vossos pescoços a seu jugo. Dá-me a tua fé e recebe a minha. Nós temos corações intrépidos na guerra, temos animas corajosos e guerreiros calejados nas batalhas.





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