Eneida - Cap. 10: A Assembleia dos Deuses Pág. 188 / 235

Chegou-se então Júpiter e disse a Juno:

— Minha caríssima esposa, tal como julgava, lá esta Vénus protegendo as forças troianas. Percebo que esses guerreiros não têm animo intrépida e sofredor de perigos.

Aquiesceu Juno, declarando:

— Porque, cato senhor, tanto encorajaste essa tua filha teimosa e tanta dor me trouxeste ao coração? Se ainda me amas, como outrora me amavas — e espero que sim —, concede-me esse favor que te peço. Dá-me o direito de subtrair Turno aos perigos do combate e levá-lo incólume a seu pai Dauno. Não permitas que o seu sangue inocente coroe a vitória troiana Ele é da nossa estirpe por parte de Pilumno, seu avô, que muitas vezes encheu, com mão liberal, os teus altares de oferendas.

O rei do etéreo Olimpo retrucou-lhe:

— Se me pedes que adie por pouco tempo a sua hora fatal, concedo-te o que me pedes. Até ai chega o meu poder de modificar o curso do Destino. Porém, alimentas esperanças vas se esperas com isso alterar o correm da guerra ou mesmo adiar o seu fim.

Juno, banhada em lágrimas, continuou:

— Faria algum mal se, por detrás dessas tuas palavras duras, se escondesse um coração brando e que Turno, ao vencer esses invasores da sua terra pudesse alcançar uma velhice venerável? Mas não, triste fim aguarda o inocente, que, para gáudio de tua filha, irá encontrar morte prematura. Como se rejubilaria o meu coração, se soubesse que sou levada por temores infundados! Oh! Não serás capaz, ó pai e esposo, de alterar o que dispuseste e salvá-lo do triste fado? Se não o podes fazer, deixa-me, pelo menos, livrá-lo da presente desventura.





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