Eneida - Cap. 12: O Combate Final Pág. 220 / 235

Sacrificaram então mais vítimas aos deuses, colocando-lhes as entranhas sobre os altares, de acordo com o costume.

Durante aqueles discursos, os rótulos olhavam inquietos para o seu príncipe, o coração pesaroso e as faces tristes, pois não acreditavam que pudesse vencer Eneias e que, portanto, estava condenado à morte. Esvaído agora da sua ansiedade e arrogância, com a face lívida e passo lento, Turno avançou para o altar onde fez uma humilde oração.

Nesse ínterim, Juno olhava do cume do monte Albano—só mais tarde assim chamado—os dois exércitos, troiano e laurentino, formados na planície, enquanto os reis firmavam o acordo. Desgostosa, dirigiu-se à irmã de Turno, Juturna, a quem Júpiter muito amava, metamorfoseando-a numa deusa dos lagos e rios. E assim falou:

— Ninfa dos rios, muito prezada por meu augusto esposo, sabes como a ti te tenho preferido a todas as mulheres. Enquanto a fortuna consentiu e assim o permitiram as Parcas, protegi Turno e o seu reino, mas vejo agora aproximar-se o seu fim e os meus olhos afastam-se horrorizados, do acordo que ora se celebra na planície e do combate que se seguirá. Caso queiras tentar uma última coisa por teu irmão, aqui estou para te ajudar.

Chorando, Juturna batia no peito, mas Juno atalhou-lhe a mágoa dizendo:

— Esta não é ocasião para lágrimas. Se há ainda alguma esperança, salva o teu irmão da morte. Ou... se preferires, acende novamente o espírito da guerra e desfaz os tratados firmados. Sou eu que te aconselho que tentes.





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