Eneida - Cap. 12: O Combate Final Pág. 222 / 235

Tomaram as armas novamente e então exclamou Tolúmnio, o adivinho:

— Era isto, era isto o que muitas vezes pedi com os meus votos. Aceito e reconheço a vontade dos deuses. Comigo e sob a minha direcção sacai das espadas e das lanças, ó guerreiros, a quem amedronta um estrangeiro odioso que vem devastar as nossas praias! Fugirá, estou certo, e em breve as suas velas mancharão o mar azul de branco. Vós, unidos de espírito, cerrai as vossas fileiras e, combatendo, defender o rei que vos querem arrebatar!

Assim falando, correu para a primeira fileira e lançou um dardo contra as hostes inimigas, que, pacificas, aguardavam o inicio do combate. Levantou-se um enorme til mor no campo ante a visão do dardo, que com ruído estridente fendia os ares. Os guerreiros inflamaram-se em tumulto, mas, já certeira, a arma mortífera encontrara as costas de um dos nove robustos filhos de Gilipo, o árcade, prostrando-o morto na areia.

Cegos de raiva e de dor pela morte vil do irmão, os outros lançaram-se contra o inimigo com lanças e espadas nuas. Foram atacados pelos laurentinos e também vieram os troianos, os árcades, os rótulos e os latinos. Generalizava-se o combate e de todos se apoderou unicamente a ânsia de combater. Os altares, as taças, as oferendas, os braseiros, todos os objectos de culto e de veneração desabaram e foram destruídos sob a tempestade de ferro que se lhes abateu em cima. Levando as imagens dos seus deuses, ultrajados pela quebra do tratado tão solenemente firmado pouco antes, fugiu o rei Larino. Outros atrelavam os carros ou montavam nos seus cavalos e partiam para a peleja.

Messapo, satisfeito com o rompimento da aliança, atropelou aguerridamente o rei Auleste, das tropas tirrenas. Auleste recuou tropeçando e caindo, embaraçado, no meio dos destroços dos altares destruídos.





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