Mando-vos de volta para nunca me ver forçado a punir-vos. Sereis honrosamente reconduzidos até as minhas fronteiras; ser-vos-á fornecido o necessário para voltardes aos limites do hemisfério de onde partistes. Ide em paz, se puderdes ir em paz, e nunca mais volteis.»
Foi com alegria que a princesa de Babilônia soube desse julgamento e dessas palavras; tanto mais certeza tinha de ser recebida na Corte, pois estava muito longe de professar dogmas intolerantes. O imperador da China, jantando a sós com ela, teve a gentileza de banir o embaraço de qualquer etiqueta constrangedora. Ela apresentou-lhe a fênix, que foi muito acariciada pelo imperador e se empoleirou na sua cadeira. Formosante, no fim da refeição, confiou-lhe ingenuamente o motivo de sua viagem, e pediu-lhe que mandasse procurar em Cambalu o belo Amazan, cuja aventura lhe contou, sem nada lhe ocultar da fatal paixão de que se inflamara por aquele jovem herói.
- A quem vindes falar! - exclamou o imperador da China. - Ele deu-me o prazer de vir à Corte. Encantou-me, esse amável Amazan; é verdade que está profundamente aflito; mas isso torna as suas graças ainda mais tocantes. Nenhum de meus favoritos tem mais espírito do que ele; nenhum mandarim togado tem mais vastos conhecimentos; nenhum mandarim de espada tem o ar mais heróico e marcial; a sua extrema juventude dá novo preço a todos os seus talentos: se eu fosse tão desgraçado, tão desamparado do Tien e do Changti para abalançar-me a fazer conquistas, pediria a Amazan que se pusesse à frente de meus exércitos, e estaria certo de triunfar do universo inteiro. É pena que o seu pesar às vezes lhe perturbe o espírito.
- Ah! Senhor - disse-lhe Formosante com ar arrebatado e um tom de dor, de abalo e de censura, - por que não me fizestes cear com ele? Vós me matais; mandai-o convidar agora mesmo.