Que diferença, ó céus, do original para as cópias! De modo que Belus era mais orgulhoso da sua filha que do seu reino. Tinha esta dezoito anos: era preciso um esposo digno dela; mas onde encontrá-lo? Ordenara um antigo Oráculo que Formosante só poderia pertencer àquele que retesasse o arco de Nemrod. Esse Nemrod, o grande caçador perante Deus, deixara um arco de sete pés babilônicos de altura, de um ébano mais duro que o ferro do monte Cáucaso que se trabalha nas forjas de Derbente; e nenhum mortal depois de Nemrod pudera distender esse arco maravilhoso.
Fora ainda dito que o braço que distendesse esse arco mataria o leão mais terrível e perigoso que fosse largado no circo de Babilônia. Não era tudo: o lançador do arco, o vencedor do leão, devia abater a todos os seus rivais; mas devia principalmente ter muita inteligência, ser o mais magnífico dos homens, o mais virtuoso, e possuir a coisa mais rara que existisse no universo inteiro.
Apresentaram-se três reis que se atreveram a disputar Formosante: o faraó do Egito, o xá das Índias e o grande cã dos citas. Belus marcou o dia e o local do combate, que era no extremo de seu parque, no vasto espaço limitado pelas águas do Eufrates e do Tigre reunidos. Ergueram em redor da liça um anfiteatro de mármore que podia conter quinhentos mil espectadores. Defronte ao anfiteatro, ficava o trono do rei que devia comparecer com Formosante, acompanhada de toda a Corte; e à direita e à esquerda, entre o trono e o anfiteatro, estavam outros tronos e outros assentos para os três reis e para todos os outros soberanos que tivessem a curiosidade de vir assistir àquela augusta cerimônia.
Em primeiro lugar, chegou o rei do Egito, montando o boi Ápis e segurando o sistro de Isis.