.. Té onde chega
O seu poder imenso!
Ele abaixou os céus, desceu, calcando
Um nevoeiro denso.
Dos querubins nas asas radiosas
Librando-se, voou;
E sobre turbilhões de rijo vento
O mundo rodeou.
Ante o olhar do Senhor vacila a Terra,
E os mares assustados
Bramem ao longe, e os montes lançam fumo,
Da sua mão tocados.
Se pensou no universo, ei-lo patente
Ante a face do Eterno:
Se o quis, o firmamento os seios abre,
Abre os seios o Inferno.
Dos olhos do Senhor, homem, se podes,
Esconde-te um momento:
Vê onde encontrarás lugar que fique
Da sua vista isento:
Sobe aos Céus, transpõe mares, busca o abismo,
Lá teu Deus hás-de achar;
Ele te guiará, e a dextra sua
Lá te há-de sustentar:
Desce à sombra da noite, e no seu manto
Envolver-te procura...
Mas as trevas para ele não são trevas,
Nem é a noite escura.