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Capítulo 15: XV - Conclusão

Página 170

E a mal-aventurada, delirante já, estendia os braços para a imagem de Egas, que ela via diferente do que tinha ante si. Era o seu anjo-da-guarda que se librava nas asas de fogo para guiar aquele espírito tão belo e meigo a refrigerar-se de tantos martírios no oceano das consolações eternas.

– Oh, tu amas-me ainda! – bradou o cavaleiro com alegria frenética e selvagem. – Bem! Levantar-se-á uma barreira de bronze entre mim e ti, que aniquile o derradeiro clarão da esperança, se me conheces tão mal, que ainda na alma te possa restar um vestígio de esperança. Morrer! Tens razão! A minha amante poluída não pode ficar na Terra. O sepulcro é o crisol que te há-de tornar pura. Morre, que eu te seguirei em breve. Estas últimas palavras restrugiram como um dobre nos ouvidos de Dulce. O cavaleiro afastou-se rapidamente, e chegando ao cruzeiro gritou:

– Eis-me aqui, meus irmãos!

O altar-mor iluminou-se de súbito: os monges saíram dos seus estalos onde pareciam adormecidos. Aquelas duas fitas negras ondearam movendo-se para os cancelos abertos de par em par. O cavaleiro entrou e, por meio das duas fileiras de frades, aproximou-se do altar, junto do qual o velho abade rezava as orações marcadas no ritual beneditino para uma profissão monástica.

Acabadas estas, o órgão rompeu umas toadas tristes, e os coros de monges rezaram sucessivamente os sete salmos penitenciais.

Depois seguiram-se mais orações murmuradas com voz débil por Fr. Hilarião sobre a cabeça de Egas curvado ao pé do altar.

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pág. 170 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 170

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173