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Capítulo 16: Apêndice

Página 180

Apenas os peões e servos, concluída a sua obra que os alvazis tinham descido a examinar e a aprovar, saíram da liça, entraram nela vinte cavaleiros montados em cavalos de batalha e armados como para combate. Traziam lanças de infanções ou apendoadas, isto é, ornadas à curta distância do ferro de bandeirolas de cores, distintivo que nas mesnadas só era permitido usar aos nobres de linhagem. Debaixo das sobrevestes brancas vestiam a armadura daquele tempo, em que ainda não existiam ou eram demasiado raros os arneses lisos, tão elegantes, tão esplêndidos de brilho e de cores, que se tornaram comuns nos séculos XIV e XV. A armadura de então era o longo saio de malha de ferro e a cervilheira do mesmo tecido, que cobria o pescoço e que vinha ligar-se nos ombros com o saio e na cabeça com o capelo de ferro, espécie de elmo cuja visagem ou viseira ainda não era móvel, o que dava ao homem de guerra, visto a certa distância e sem a sobreveste, o aspecto de um jacaré erguido sobre a cauda. Uma cobertura de sirgo ou seda caía pelas ancas, peitos e pescoços dos cavalos terminando em franjas orladas de guizos e cascavéis. Os escudos, ovados, quase iguais no comprimento à estatura do cavaleiro, e geralmente lisos e escuros, ofereciam no centro uma como pequena pirâmide de ferro azerado que na peleja também servia de arma ofensiva quando o homem de armas, posto a pé por qualquer acidente, podia bater com o escudo no saio ou na cervilheira do adversário. Uma espada curta, larga e direita, sem guardamão, cingida ao peito e inclinada para trás por cima do quadril, a lança, e um punhal delgado e comprido, chamado misericórdia, eram as armas que não largava nunca o homem de guerra nobre; porque as mais pesadas, que serviam nos casos extremos, tais como a acha de armas ou o montante, trazia-lhas de ordinário o pajem ou escudeiro, cuja denominação provinha de conduzir o escudo do amo metido num envoltório ou saco, chamado funda, prestes sempre a ajudar-lhe a embraçá-lo antes de começar qualquer recontro ou peleja.

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pág. 180 (Capítulo 16)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 180

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173