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Capítulo 16: Apêndice

Página 184

– Todos, todos! – repetiu, rangendo os dentes de cólera, o cavaleiro do bando vencido que parecia dominar inteiramente os seus companheiros. Nem sequer olharam, os descorteses, para os dignos magistrados que se interpunham entre eles e os seus contrários, e que começavam a provar-lhes a incongruência da sua pretensão.

O outro bando parecia hesitar.

– Covardes! – gritaram ao mesmo tempo dois dos cavaleiros portugueses vencidos na justa, que recobrados os brios tinham vindo unir-se aos seus companheiros.

Os provocados não puderam conter-se mais. De um pulo ficaram de pé, ao passo que dentre a multidão rompia o estrondo infernal das manifestações de entusiasmo popular.

Era um acórdão do supremo tribunal caindo de chofre a revogar a sentença de uma relação.

Os contendores precipitaram-se uns para os outros com as espadas em punho.

Os alvazis retiraram-se apressadamente do meio daqueles furiosos, ao som das risadas da plebe. Tinham a peito manter a dignidade e, sobretudo, a inviolabilidade, a integridade do poder municipal.

As funções judiciais eram na Idade Média frequentemente sujeitas a semelhantes eclipses.

Apesar de serem botas as espadas; apesar de estarem os pelejadores de um e de outro lado completamente arnesados, não era difícil pressagiar um desfecho sério à luta. A força muscular dos rudes homens de armas daquele tempo triplicada pela ira supria até certo ponto os fios do aço bem temperado; o elmo e o perponto não se cortavam, mas podiam abolar-se. Guerreiros havia que nos combates com os sarracenos preferiam a maça à espada.

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 184

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173