À vozeria sucedera o silêncio. No estrado da corte é que murmurava um leve sussurro: os barões disputavam fogosamente entre si. A infanta e o conde conservavam-se imóveis, mas tinha-se-lhes demudado um pouco o gesto. Por cima do silêncio do povo, por cima do murmúrio dos cortesãos, soava o ruído confuso e discorde da espada que ora retinia na espada, ora tirava um ruído cavo batendo no capelo de ferro, ora dava um som baço amortecendo no perponto flexível de malha.
Dos seis cavaleiros portugueses derribados no primeiro encontro apenas dois tinham ousado envolver-se no torneio de pé, e apenas um dos contrários pudera imitá-los. Os efeitos de uma queda violenta naquela época em que o cavaleiro batia no chão, não só levando o impulso do embate, mas também o que lhe imprimia o peso da própria armadura, eram não raro de extrema gravidade. Havia exemplos de se ter seguido a morte sem que as armas houvessem sido falsadas, e frequentemente essa queda inutilizava-os por muito tempo para prosseguir no combate.
Se a luta era desigual na aparência, não menos o era na realidade, mas em sentido contrário. De um lado estavam seis cavaleiros, oito do outro, e contudo a superioridade residia no bando menos numeroso, porque havia aí um homem que supria sobejamente a inferioridade numérica dos seus companheiros.