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Capítulo 1: I - Introdução

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O que falta é a designação simples, precisa, do súbdito da coroa de Oviedo, Leão e Castela. E porque falta? É porque em rigor a entidade faltava socialmente. Havia-a, mas debaixo de outro aspecto: em relação ao grémio religioso. Essa sim; que aparece clara e distinta. A sociedade cristã era una, e preenchia até certo ponto o incompleto da sociedade temporal. Quando cumpria aplicar uma designação que representasse o habitante da parte da Península livre do jugo do islame, só uma havia: christianus. O epíteto que indicava a crença representava a nacionalidade. E assim cada catedral, cada paróquia, cada mosteiro, cada simples ascetério era um anel da cadeia moral que ligava o todo, na falta de um forte nexo político. Tais eram os caracteres prominentes da vida externa da monarquia neogótica. A sua vida social interna, as relações públicas entre os indivíduos e entre estes e o Estado tinham sobretudo uma feição bem distinta. Era a larga distância que separava das classes altivas, dominadoras, que fruíam, as classes, em parte e até certo ponto servas, e em parte livres, que trabalhavam. A aristocracia compunha-se da nobreza de linhagem e da jerarquia sacerdotal, a espada e o livro, a força do coração e braço, e a superioridade relativa da inteligência. A democracia constituíam-na dois grupos notavelmente desiguais em número e em condição. Era um o dos burgueses proprietários com pleno domínio, moradores de certas povoações de vulto, comerciantes, fabricantes, artífices, isto é, os que depois se chamaram entre nós homens de rua, indivíduos mais abastados e mais insofridos, fazendo-se respeitar ou temer, numas partes pela força do nexo municipal, concessão do rei ou dos condes dos distritos em nome dele, noutras partes pelas irmandades (conjurationes, germanitates), associações ajuramentadas para resistirem aos prepotentes, e cujas origens obscuras talvez vão confundir-se com as origens não menos obscuras das beetrias. O outro grupo, incomparavelmente mais numeroso, constituíam-no os agricultores habitantes das paróquias rurais. Nessa época ainda eram raros os oásis da liberdade chamados “alfozes” ou termos dos concelhos.

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pág. 3 (Capítulo 1)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 3

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173