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Capítulo 4: IV - Receios e esperanças

Página 33

Visto naquela altura, assentado no capitel, com os braços lançados sobre os pescoços de duas figuras horrendas, em que se assegurava, Dom Bibas pareceria também uma criação desvairada da mente do escultor, se, fitando os olhos brilhantes no reverendo cónego e fazendo-lhe uma visagem truanesca, não começasse a cantarolar com um acompanhamento de risadas estrondosas:

Quem me dera o meu infante
Nestes seus paços reais
Doravante!
Tra-lirá,
Ah, ah, ah!
Ovençais
Do galego
Só i vejo a cada instante!
Arrenego,
Dom Garcia
Desses teus aragoneses,
E também dos portugueses
Que te fazem companhia!
Capelão, Canzarrão,
Ao, ão, ão!
Tra-lirá,
Ah, ah, ah!
Vou fazer de um mouro ao filho
Um famoso arremedilho,
Mui de ver,
Em que a ti te hei-de meter,
Meu rapado,
Descarado,

A comer
Um presunto
Com seu unto,
Apesar de São Mafoma,
E do velho lá de Roma
Que te toma
Por um santo,
O que és tanto
Quanto o demo que te leve
Como deve!
Tra lirá,
Ah, ah, ah!

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pág. 33 (Capítulo 4)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 33

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173