Visto naquela altura, assentado no capitel, com os braços lançados sobre os pescoços de duas figuras horrendas, em que se assegurava, Dom Bibas pareceria também uma criação desvairada da mente do escultor, se, fitando os olhos brilhantes no reverendo cónego e fazendo-lhe uma visagem truanesca, não começasse a cantarolar com um acompanhamento de risadas estrondosas:
Quem me dera o meu infante
Nestes seus paços reais
Doravante!
Tra-lirá,
Ah, ah, ah!
Ovençais
Do galego
Só i vejo a cada instante!
Arrenego,
Dom Garcia
Desses teus aragoneses,
E também dos portugueses
Que te fazem companhia!
Capelão, Canzarrão,
Ao, ão, ão!
Tra-lirá,
Ah, ah, ah!
Vou fazer de um mouro ao filho
Um famoso arremedilho,
Mui de ver,
Em que a ti te hei-de meter,
Meu rapado,
Descarado,
A comer
Um presunto
Com seu unto,
Apesar de São Mafoma,
E do velho lá de Roma
Que te toma
Por um santo,
O que és tanto
Quanto o demo que te leve
Como deve!
Tra lirá,
Ah, ah, ah!