Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: IV - Receios e esperanças

Página 32

O abade ia de novo falar, pensando talvez como abrandaria a cólera que se acumulava no gesto carregado do Lidador. Mas uma risada que restrugiu por cima das cabeças dos três lhas fez involuntariamente erguer. A fronte de Gonçalo Mendes desenrugou-se repentinamente. Quase ao mesmo tempo ele e o abade soltaram uma gargalhada. Só Martim Eicha não ria.

Tinha razão sobeja.

No calor da disputa, nenhum dos três reparara em Dom Bibas, que se acercara da coluna junto da qual conversavam. O bobo aplicara por algum tempo o ouvido às palavras violentas do Lidador; mas o burburinho dos passos e do falar contínuo, dos sons retumbantes dos instrumentos naquela imensidão da sala o não deixavam perceber senão algumas vozes soltas que muito lhe excitavam a curiosidade. Rodeando o feixe de colunelos, que, segundo o gosto árabe, unidos só pela base e pelo cimo formavam a coluna ou pilastra em que vinham repousar os artesões do tecto, trepara manso e manso firmando-se nos lavores da pedra, e se assentara sobre as grandes folhas de lódão entressachadas de figuras extravagantes de centauros, harpias, demónios e górgonas, em que o arquitecto mostrara ceder às influências da arte normanda, que começava a expulsar a arquitectura sarracena dos edifícios de Espanha.

<< Página Anterior

pág. 32 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 32

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173