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Capítulo 6: VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão

Página 54

– Que esse louco mancebo venha, e achará meus pendões tendidos no campo. Aí receberá o preço da sua ousadia insensata. Mas engana-se contando com os falsos que nos cercam. Conheço-os, e aos leais! Eu deceparei o colo da serpente... Gonçalo Mendes! Gonçalo Mendes! em hora aziaga vieste à corte, em hora aziaga te demoraste! Garcia Bermudes, a infanta de Portugal, a filha dos reis de Leão, acaba de escolher-te para seu alferes: a ti pertence o governo de todos os seus homens de armas. Ao acabar do banquete devem estar levantadas as pontes das barbacãs, estas guarnecidas de vigias, e em cada lanço uma rolda e sobrerrolda. A ninguém é permitido sair do recinto do burgo: nem a mim próprio. Alferes-mor de Portugal, são estes os mandados da rainha D. Teresa: vós fareis que sejam cumpridos à risca!

Ao proferir estas palavras, todas as paixões cruéis, tençoeiras, furiosas, que ferviam comprimidas no coração do conde, se lhe pintavam no demudado das faces, no trémulo dos lábios brancos, nas rugas profundas da fronte carregada. Depois de um momento de silêncio, saindo arrebatadamente do caramanchão, prosseguiu:

– Se tendes mais que dizer, dizei-o. No momento do perigo nunca hesitei. Tereis uma resolução pronta.

– Só que obedecerei pontualmente ao que ordena minha senhora e rainha – respondeu o novo alferes.

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pág. 54 (Capítulo 6)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 54

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173