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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 102

Avisada Teresa de que seu pai a esperava, instantaneamente a cor sadia, que alegrava as senhoras religiosas, se demudou na lividez costumada. Quis a tia, vendo-a assim, que ela não saísse do seu quarto, e encarregava-se de espaçar a visita do pai.

– Tem de ser – disse Teresa. – Eu vou, minha tia.

O pai, ao vê-la, estremeceu e enfiou. Esperava mudança, mas não tamanha. Pensou que a não conheceria sem o prevenirem de que ia ver sua filha.

– Como eu te encontro, Teresa! – exclamou ele, comovido. – Porque não me disseste há mais tempo o teu estado? Teresa sorriu, e disse:

– Eu não estou tão mal como as minhas amigas imaginam.

– Terás tu forças para ires comigo para Viseu?

– Não, meu pai; não tenho mesmo forças para lhe dizer em poucas palavras que não torno a Viseu.

– Porque não, se a tua saúde depender disso?!…

– A minha saúde depende do contrário. Aqui viverei e morrerei.

– Não é tanto assim, Teresa – replicou Tadeu com dissimulada brandura. – Se eu entender que estes ares são nocivos à tua saúde, hás-de ir, porque é obrigação minha conduzir e corrigir a tua má sina.

– Está corrigida, meu pai. A morte emenda todos os erros da vida.

– Bem sei; mas eu quero-te viva, e, portanto, recobra forças para o caminho. Logo que tiveres meio dia de jornada, verás como a saúde volta como por milagre.

– Não vou, meu pai.

– Não vais?! – exclamou irritado o velho, lançando às grades as mãos trementes de ira.

– Separam-nos estes ferros a que meu pai se encosta e para sempre nos separam.

– E as leis? Cuidas tu que eu não tenho direitos legítimos para te obrigar a sair do convento? Não sabes que tens apenas dezoito anos?

– Sei que tenho dezoito anos; as leis não sei quais são, nem me incomoda a minha ignorância. Se pode ser que mão violenta venha arrancar-me daqui, convença-se, meu pai, de que essa mão há-de encontrar um cadáver. Depois… o que quiserem de mim. Enquanto, porém, eu puder dizer que não vou, juro-lhe que não vou, meu pai.

– Sei o que é! – bramiu o velho. – Já sabes que o assassino está no Porto?

– Sei, sim, senhor.

– Ainda o dizes sem vergonha, nem horror de ti mesma! Ainda…

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pág. 102 (Capítulo 15)

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 102

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139