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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 104

– Porque a encarreguei de me avisar de tudo, e ela nada me tem contado.

– Se não tinha que lhe dizer, senhor!

– Não me conte histórias, prima! A criada quero vê-la sair do convento e já!

– Eu não lhe posso fazer a vontade, porque não faço injustiças. Se vossa senhoria quiser que sua filha tenha outra criada, mande--lha; mas a que ela tem, logo que deixe de a servir, há muitas senhoras nesta casa que a desejam, e ela mesma deseja aqui ficar.

– Tenho entendido – bradou ele – querem-me matar! Pois não matam; primeiro há-de o Diabo dar um estoiro!

Tadeu de Albuquerque saiu em corcovos do átrio do mosteiro. Era hedionda aquela raiva que lhe contraía as faces encorreadas, revendo suor e sangue aos olhos acovados.

Apresentou-se ao intendente da polícia, pedindo providências para que se lhe entregasse sua filha. O intendente respondeu que ele não solicitava competentemente tais providências. Instou para que o carcereiro da cadeia não deixasse sair alguma carta de um assassino, vindo da comarca de Viseu, por nome Simão Botelho. O intendente disse que não podia, sem motivos concernentes a devassas, obstar a que o preso escrevesse a quem quer que fosse.

Reduplicada a fúria, foi dali ao corregedor do Porto, com os mesmos requerimentos, em tom arrogante. O corregedor, particular amigo de Domingos Botelho, despediu com enfado o importuno, dizendo-lhe que a velhice sem juízo era causa tão de riso como de lástima. Esteve então a pique de perder-se a cabeça de Tadeu de Albuquerque. Andava e desandava as ruas do Porto, sem atinar com uma saída digna da sua prosápia e vingança. No dia seguinte, bateu à porta de alguns desembargadores e achava-os mais inclinados à clemência que à justiça a respeito de Simão Botelho. Um deles, amigo de infância de D. Rita Preciosa, e implorado por ela, falou assim ao sanhudo fidalgo:

– Em pouco está o ser homicida, senhor Albuquerque. Quantas mortes teria vossa senhoria hoje feito se alguns adversários se opusessem à sua cólera? Esse infeliz moço, contra quem o senhor solicita desvairadas violências, conserva a honra na altura da sua imensa desgraça.

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 104

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139