Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: Capítulo 7

Página 42

Nisto ouviu-se um leve rumor de folhagem no matagal para onde tinha saltado o companheiro do morto. João da Cruz, como galgo de fino olfacto, fitou a orelha e resmungou:

– Querem vocês ver que elas se armam!… Dar-se-á o caso que o outro ainda esteja por ali a tremer maleitas?!…

O rumor continuou, e logo um bando de pássaros rompeu dentre a folhagem chilreando.

– O homem está ali – tornou o ferrador. – Passe-me cá uma pistola, senhor Simão!

Correu mestre João, e ao mesmo tempo uma grande rostilhada se fez entre as moitas de codessos e urzes.

– Ele estrinça lenha como um porco do monte! – exclamou o ferrador – Ó cunhado, bate este mato com alguns penedos; quero ver sair o javali da moita!…

Para o outro lado da bouça estava um plaino cultivado. Simão, rodeando a sebe, conseguira saltar ao campo por sobre a pedra dum agueiro.

– Tenha lá mão, mestre; não vá você atirar-me! – bradou Simão ao ferrador.

– Pois o fidalgo já aí anda!? Então está fechado o cerco. Eu cá vou fazer de furão. Se este nos escapa, não há nada seguro neste mundo!

Não se enganaram. O criado de Baltasar Coutinho, quando se atirara desamparado à brenha, deslocara um joelho, e caíra atordoado. O arrieiro não examinou o efeito do tiro, porque atirara à ventura, e achava natural que o fugitivo se não molestasse. Quando volveu a si do aturdimento da queda, o homem arrastou-se até encontrar um cerrado de árvores silvestres, em que pernoitava a passarinhada. Como os melros cacarejassem, esvoaçando, o criado de Baltasar retrocedeu para o mato, cuidando que aí escaparia; mas o arrieiro jogava enormes calhaus em todas as direcções, e alguns acertavam mais que as balas do seu bacamarte. João da Cruz tirou do bolso da jaqueta um podão, e começou a cortar a selva de carvalhas novas e giestais que se emaranhavam em redor do esconderijo. Já cansado, porém, e vendo o pouco fruto do trabalho, disse ao arrieiro:

– Petisca lume, vai ali dentro buscar um pouco de restolho seco, e vamos pegar fogo ao mato, que este ladrão há-de morrer assado.

<< Página Anterior

pág. 42 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 42

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139