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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 62

Mariana deu-se pressa em ir à arca, donde tirou uma bolsa de linho com dinheiro em prata, e alguns cordões, anéis e arrecadas. Guardou o seu oiro numa boceta, e deu a bolsa ao pai.

João da Cruz aparelhou a égua, e saiu. Mariana foi para a sala do doente.

Acordou Simão.

– Não sabe?! – exclamou ela com semblante entre alegre e assustado, perfeitamente contrafeito.

– Que é, Mariana?

– Sua mãezinha sabe que vossa senhoria aqui está.

– Sabe?! Isso é impossível! Quem lho disse?

– Não sei; o que sei é que ela mandou chamar meu pai.

– Isso espanta-me!… E não me escreveu?

– Não, senhor!… Agora me lembro que talvez ela soubesse que o senhor aqui esteve, e cuide que já não está, e por isso lhe não escreveu… Poderá ser?

– Poderá; mas quem lho diria!? Se isto se sabe, então podem suspeitar da morte dos homens.

– Pode ser que não; e, ainda que desconfiem, não há testemunhas. O pai disse que não tinha medo nenhum. O que for soará. Não esteja agora a cismar nisso… Vou-lhe buscar o caldinho, sim?

– Vá, se quer, Mariana. O Céu deparou-me em si a amizade de uma irmã. Não achou a moça na sua alegre alma palavras em resposta à doçura que o rosto do mancebo exprimia.

Veio com o «caldinho» – diminutivo que a retórica duma linguagem meiga sanciona; mas contra o qual protestava a larga e funda malga branca, ao lado da travessa com meia galinha loira, de gorda.

– Tanta coisa – exclamou, sorrindo, Simão.

– Coma o que puder – disse ela corando. – Eu bem sei que os senhores da cidade não comem em malgas tamanhas, mas eu não tinha outra mais pequena; e coma sem nojo, que esta malga nunca serviu, que a fui buscar à loja, por pensar que vossa senhoria não quisera ontem comer por se atrigar da outra.

– Não, Mariana, não seja injusta, eu não comi ontem pela mesma razão por que não como agora: não tinha, nem tenho vontade.

– Mas coma por eu lhe pedir… Perdoe o meu atrevimento… Faça de conta que é uma sua irmã que lhe pede. Ainda agora me disse…

– Que o Céu me dava em si a amizade duma irmã…

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 62

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139