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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 67

Tomadas todas as precauções, Tadeu de Albuquerque fez avisar sua filha de que sua tia de Monchique a queria ter em sua companhia algum tempo, e que a jornada se faria na madrugada do dia seguinte.

Teresa, quando recebeu a surpreendente nova, já tinha enviado a carta daquele dia a Simão. Em sua aflitiva perplexidade, resolveu fazer-se doente, e tão febril estava das comoções, que dispensava o artifício. O velho não queria transigir com a doença; mas o médico do mosteiro reagiu contra a desumanidade do pai e da prioresa, interessada na violência. Quis Teresa nessa noite escrever a Simão; mas a criada da prelada, obedecendo às suspeitas da ama, não desamparou a cabeceira do leito da enferma. Era causa a esta espionagem ter dito a escrivã, numa hora de má digestão daquele certo vinho estomacal, que Teresa passava as noites em oração mental, e tinha correspondência com um anjo do Céu por intervenção duma mendiga. Algumas religiosas tinham visto a mendiga no pátio do convento esperando a esmola de Teresa; mas cuidaram que era aquela pobre uma devoção da menina. As palavras irónicas da escrivã foram comentadas, e a mendiga recebeu ordem de sair da portaria. Teresa, num ímpeto de angústia, quando tal soube, correu a uma janela, e chamou a pobre, que se retirava assustada, e lançou-lhe ao pátio um bilhete com estas palavras: «É impossível a nossa correspondência. Vou ser tirada daqui para outro convento. Espera em Coimbra notícias minhas.» Isto foi rapidamente ao conhecimento da prioresa, e logo, às ordens dela, partiu o hortelão no encalço da pobre. O hortelão seguiu-a até fora de portas, espancou-a, tirou-lhe o bilhete, e foi ao convento apresentá-lo a Tadeu de Albuquerque. A mendiga não retrocedeu; caminhou a casa do ferrador e contou a Simão o acontecido.

Simão lançou-se fora do leito e chamou João da Cruz. Naquele aperto queria ouvir uma voz, queria poder chamar amigo a um homem que lhe estendesse mão capaz de apertar o cabo dum punhal. O ferrador ouviu a história e deu o seu voto: «esperar até ver». Simão repeliu a prudencial frieza do confidente, e disse que partia para Viseu imediatamente.

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 67

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139