– Não fujo… Salve-se, e depressa – respondeu Simão.
– Fuja, que se ajunta o povo e não tardam aí soldados.
– Já lhe disse que não fujo – replicou o amante de Teresa, com os olhos postos nela, que caíra desfalecida sobre as escadas da igreja.
– Está perdido! – tornou João da Cruz.
– Já o estava. Vá-se embora, meu amigo, por sua filha lho rogo. Olhe que pode ser-me útil; fuja… Abriram-se todas as portas e janelas, quando o ferrador se lançou na fuga até cavalgar a égua.
Um dos vizinhos do mosteiro, que, em razão de seu ofício, primeiro saiu à rua, era o meirinho-geral.
– Prendam-no, prendam-no, que é um matador – exclamava Tadeu de Albuquerque.
– Qual? – perguntou o meirinho-geral.
– Sou eu – respondeu o filho do corregedor.
– Vossa senhoria! – disse o meirinho espantado; e, aproximando-se, acrescentou a meia-voz: – Venha, que eu deixo-o fugir.
– Eu não fujo – tornou Simão. – Estou preso. Aqui tem as minhas armas.
E entregou as armas.
Tadeu de Albuquerque, quando se recobrou do espasmo, fez transportar a filha a uma das liteiras, e ordenou a dois criados que a acompanhassem ao Porto. As irmãs de Baltasar seguiram o cadáver de seu irmão para casa do tio.