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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 79
Simão deu alguns passos, e disse placidamente:

– Infame… eu! e porquê?

– Infame, e infame assassino! – replicou Baltasar. – Já fora da minha presença!

– É parvo este homem! – disse o académico. – Eu não discuto com sua senhoria… Minha senhora – disse ele a Teresa com a voz comovida e o semblante alterado unicamente pelos afectos do coração, – sofra com resignação, da qual eu lhe estou dando um exemplo. Leve a sua cruz, sem amaldiçoar a violência, e bem pode ser que a meio do seu calvário a misericórdia divina lhe redobre as forças.

– Que diz este patife?! – exclamou Tadeu.

– Vem aqui insultá-lo, meu tio! – respondeu Baltasar. – Tem a petulância de se apresentar a sua filha a confortá-la na sua malvadez! Isto é de mais! Olhe que eu esmago-o aqui, seu vilão!

– Vilão é o desgraçado que me ameaça, sem ousar avançar para mim um passo – redarguiu o filho do corregedor.

– Eu não o tenho feito – exclamou, enfurecido Baltasar – por entender que me avilto, castigando-o, na presença de criados de meu tio, que tu podes supor meus defensores, canalha!

– Se assim é – tornou Simão, sorrindo –, espero nunca me encontrar de rosto com sua senhoria. Reputo-o tão covarde, tão sem dignidade, que o hei-de mandar azorragar pelo primeiro mariola das esquinas.

Baltasar Coutinho lançou-se de ímpeto a Simão. Chegou a apertar-lhe a garganta nas mãos; mas depressa perdeu o vigor dos dedos. Quando as damas chegaram a interpor-se entre os dois, Baltasar tinha o alto do crânio aberto por uma bala, que lhe entrara na fronte. Vacilou um segundo, e caiu desamparado aos pés de Teresa.

Tadeu de Albuquerque gritava a altos brados. Os liteireiros e criados rodearam Simão, que conservava o dedo no gatilho da outra pistola. Animados uns pelos outros e pelos brados do velho, iam lançar-se ao homicida, com risco de vida, quando um homem, com um lenço pela cara, correu da rua fronteira, e se colocou de bacamarte aperrado, à beira de Simão. Estacaram os homens.

– Fuja, que a égua está ao cabo da rua – disse o ferrador ao seu hóspede.

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 79

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139