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Capítulo 13: Capítulo 13

Página 89

Passados sete meses, soubemos que Simão tinha sido condenado a morrer na forca, levantada no local onde fizera a morte. Fecharam-se as janelas por oito dias; vestimos de luto, e minha mãe caiu doente.

Quando isso se soube em Vila Real, todas as pessoas ilustres da terra foram a Montezelos, a fim de obrigarem brandamente o pai a empregar o seu valimento na salvação do filho condenado. De Lisboa vieram alguns parentes protestar contra a infâmia, que tamanha ignomínia faria recair sobre a família. Meu pai a todos respondia com estas palavras: – A forca não foi inventada somente para os que não sabem o nome do seu avô. A ignomínia das famílias são as más acções. A justiça não infama senão aquele que castiga.

Tínhamos nós um tio-avô, muito velho e venerando, chamado António da Veiga. Foi este quem fez o milagre, e foi assim: Apresentou-se a meu pai e disse-lhe: – Guardou-me Deus a vida até aos oitenta e três anos. – Poderei viver mais dois ou três? Isto nem já é vida: mas foi-o, e honrada, e sem mancha até agora, e já agora há--de assim acabar; meus olhos não hão-de ver a desonra de sua família. Domingos Botelho, ou tu me prometes aqui de salvar teu filho da forca, ou eu na tua presença me mato. – E, dizendo isto, apontava ao pescoço uma navalha de barba. Meu pai teve-lhe mão do braço, e disse-lhe que Simão não seria enforcado.

No dia seguinte, foi meu pai para o Porto, onde tinha muitos amigos na Relação, e de lá para Lisboa.(*)

(*) Nalguns papéis que possuímos do corregedor de Viseu achámos esta carta: «Meu amigo, colega e senhor. Entregará ao portador desta, que é o senhor padre Manuel de Oliveira, as cinquenta moedas em que lhe falei na sua passagem para Lisboa. A apelação de seu filho está a meu cuidado, e está segura, apesar das grandes forças contrárias. Seu amigo – O desembargador António José Dias Mourão Mosqueira – Porto, 11 de Fevereiro de 1805. Sobrescrito: II.mo Sr. Dr. Domingos José Correia Botelho de Mesquita Meneses – Lisboa.» (N. do A.)

Em princípio de Março de 1805, soube minha mãe, com grande prazer, que Simão fora removido para as cadeias da Relação do Porto, vencendo os grandes obstáculos que opuseram a essa mudança os queixosos, que eram Tadeu de Albuquerque e as irmãs do morto.

Depois…»

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 89

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139