Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: Capítulo 13

Página 90

Suspendemos aqui o extracto da carta, para não anteciparmos a narrativa de sucessos, que importa, em respeito à arte, atar no fio cortado.

Simão Botelho vira imperturbável chegar o dia do julgamento. Sentou-se no banco dos homicidas sem patrono, nem testemunhas de defesa. Às perguntas respondeu com o ânimo frio daquelas respostas ao interrogatório do juiz. Obrigado a explicar a causa do crime, deu-a com toda a lealdade, sem articular o nome de Teresa Clementina de Albuquerque. Quando o advogado da acusação proferiu aquele nome, Simão Botelho ergueu-se de golpe, e exclamou:

– Que vem aqui fazer o nome de uma senhora a este antro de infâmia e sangue? Que miserável acusador está aí, que não sabe, com a confissão do réu, provar a necessidade do carrasco sem enlamear a reputação duma mulher? A minha acusação está feita: eu a fiz; agora a lei que fale, e cale-se o vilão que não sabe acusar sem infamar.

O juiz impôs-lhe silêncio. Simão sentou-se, murmurando:

– Miseráveis todos!

Ouviu o réu a sentença de morte natural para sempre na forca, arvorada no local do delito. E ao mesmo tempo saíram dentre a multidão uns gritos dilacerantes. Simão voltou a face para as turbas, e disse:

– Ides ter um belo espectáculo, senhores! A forca é a única festa do povo! Levai daí essa pobre mulher que chora: essa é a criatura única para quem o meu suplício não será um passatempo.

Mariana foi transportada em braços à sua casinha, na vizinhança da cadeia. Os robustos braços que a levaram eram os do seu pai.

Simão Botelho, quando, em toda a agilidade e força dos dezoito anos, ia do tribunal ao cárcere, ouviu algumas vozes que se alternavam deste modo:

– Quando vai ele a padecer?

– É bem feito! Vai pagar pelos inocentes que o pai mandou enforcar.

– Queria apanhar a morgada à força de balas!

– Não que estes fidalgos cuidam que não é mais senão matar!…

– Matasse ele um pobre, e tu verias como ele estava em casa!

– Também é verdade!

– E como ele vai de cara no ar!

<< Página Anterior

pág. 90 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 90

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139