O Primo Basílio - Cap. 6: CAPÍTULO VI Pág. 180 / 414

Mas daí a momentos o estudante deixou cair com desdém algumas palavras sobre Claude Bernard, e a questão recomeçou, furiosa.

Sebastião tomou o chapéu.

- Adeus - disse baixo.

- Adeus, Sebastião, adeus - disse prontamente Julião.

Acompanhou-o ao patamar.

- E quando quiseres que eu fale a meu primo... - murmurou Sebastião.

- Pois sim, veremos, eu pensarei - disse Julião com indiferença, como se o orgulho do trabalho lhe tivesse dissipado o terror da injustiça.

Sebastião foi descendo as escadas, pensando: "Não se lhe pode falar em nada, agora!"

De repente veio-lhe uma idéia: se fosse ter com D. Felicidade, abrir-se com ela! D. Felicidade era espalhafatona, um pouco tonta, mas era uma mulher de idade, íntima de Luísa; tinha mais autoridade, mais habilidade mesmo...

Decidiu-se logo; tomou um trem, foi à Rua de São Bento.

A criada de D. Felicidade apareceu-lhe, desolada e lacrimosa:

- Pois não sabe?

- Ai! Até admira!

- Mas o quê?

- A senhora! Uma desgraça assim! Torceu um pé na Encarnação, deu uma n estado muito mal, muito mal.

- Aqui?

- Na Encarnação. Nem pode sair. Está com a senhora D. Ana Silveira. Uma desgraça assim! E está num frenesi!

- Mas quando foi?

- Anteontem à noite.

Sebastião saltou para o trem, mandou bater para casa de Luísa. D. Felicidade, doente, na Encarnação! Mas então Luísa podia bem sair todos os dias! Ia vê-la, fazer-lhe companhia, tratar dela!...

A vizinhança não tinha que rosnar! Ia ver a pobre doente!...

Eram duas horas quando a parelha estacou à porta de Luísa. Encontrou-a, que descia a escada, vestida de preto, de luva gris-perle, com um véu negro.

- Ah! Suba, Sebastião, suba! Quer subir?

Parara nos degraus, com uma corzinha no rosto, um pouco embaraçada.





Os capítulos deste livro