O Primo Basílio - Cap. 7: CAPÍTULO VII Pág. 199 / 414

Iria, não iria? O calor fora, a poeirada da rua faziam-lhe apetecer mais a casa! Mas que desapontamento, o do pobre rapaz também! Atirou ao ar uma moeda de cinco tostões. Era cunho, devia ir. Vestiu-se sem vontade, secada - tendo todavia um certo desejo dos refinamentos de prazer que dão as expansões da reconciliação...

Mas que surpresa! Esperava encontrá-lo humilde e de joelhos; achou-o com a testa franzida e muito áspero.

- Luísa, parece incrível; por que não vieste ontem?

Na véspera, Basílio, quando viu que ela faltava, teve um grande despeito e medo maior; a sua concupiscência receou perder aquele lindo corpo de rapariga, e o seu orgulho escandalizou-se de ver libertar-se aquela escravazinha dócil. Resolveu portanto, a todo o custo, chamá-la ao rego. Escreveu-lhe; e mostrando-se submisso para a atrair, decidiu ser severo para a castigar. - E acrescentou:

- É uma criancice ridícula. Por que não vieste?

Aquele modo enraiveceu-a:

- Porque não quis.

Mas emendou logo:

- Não pude.

- Ah! É essa a maneira por que respondes à minha carta, Luísa?

- E tu, é esse o modo com que me recebes?

Olharam-se um momento, detestando-se.

- Bem; queres uma questão? És como as outras.

- Que outras?

E toda escandalizada:

- Ah! É demais! Adeus!

Ia sair.

- Vais-te, Luísa?

- Vou. É melhor acabarmos por uma vez...

Ele segurou o fecho da porta rapidamente.

- Falas sério, Luísa?

- Decerto. Estou farta!

- Bem. Adeus.

Abriu a porta para a deixar passar, curvou-se silenciosamente. Ela deu um passo, e Basílio com a voz um pouco trémula:

- Então, é para sempre? Nunca mais?

Luísa parou, branca. Aquela triste palavra nunca mais deu-lhe uma saudade, uma comoção. Rompeu a chorar.

As lágrimas tornavam-na sempre mais linda.





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