Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: CAPÍTULO VIII

Página 249

Joana, muito curiosa, acabrunhou-a logo de perguntas: onde estivera? O que tinha acontecido? Por que não dera notícias? - Juliana contou que fora a uma visita a uma amiga, à Calçada do Marquês de Abrantes, e que de repente lhe dera um flato, e a dor... Não quis mandar dizer, porque imaginara que poderia vir. Mas qual! Estivera dia e meio de cama...

Quis saber então o que tinha feito a senhora, se saíra, quem estivera...

- A senhora tem andado a modo incomodada - disse Joana.

- É do tempo - observou Juliana. - Tinha trazido a sua costura, e ambas caladas continuaram o serão.

As dez horas Luísa ouviu bater devagarinho à porta do quarto. Era ela, decerto!

- Entre...

A voz de Juliana disse muito naturalmente:

- Está o chá na mesa.

Mas Luísa não se decidia a ir à sala, com medo, horror de a ver! Deu voltas no quarto, demorou-se; foi enfim, toda trémula. Juliana vinha justamente no corredor; encolheu-se contra a parede, com respeito, disse:

- Quer que vá pôr a lamparina, minha senhora? Luísa fez que sim com a cabeça, sem a olhar.

Quando voltou ao quarto Juliana enchia o jarro; e depois de ter aberto a cama, cerrado as portas, quase em pontas de pés:

- A senhora não precisa mais nada? - perguntou.

- Não.

- Muito boa noite, minha senhora. E não houve outra palavra mais.

- "Parece um sonho!" - pensava Luísa, ao despir-se melancolicamente.

- Esta criatura, com as minhas cartas, instalada em minha casa para me torturar, me roubar!" - Como se achava ela, Luísa, naquela situação? Nem sabia. As coisas tinham vindo tão bruscamente, com a precipitação furiosa de uma borrasca, que estala! Não tivera tempo de raciocinar, de se defender; fora embrulhada; e ali estava, quase sem dar fé, na sua casa sob a dominação da sua criada! Ah! Se tivesse falado a Sebastião! Tinha agora o dinheiro, decerto, notas, ouro.

<< Página Anterior

pág. 249 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 249

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411