O Primo Basílio - Cap. 11: CAPÍTULO XI Pág. 305 / 414

Saavedra e Julião discutiam a imprensa. O redator do Século gabava a profissão de jornalista - quando a gente, já se sabe, tem alguma coisa de seu; mais tarde ou mais cedo apanhava-se um nicho, não é verdade? Depois as entradas nos teatros, a influência nas cantoras. Sempre se é um bocado temido... E o Conselheiro, cortando os ovos queimados, saboreando as alegrias da convivência, dizia a Jorge:

- Que maior prazer, meu Jorge, que passar assim as horas entre amigos, de reconhecida ilustração, discutir as questões mais importantes, e ver travada uma conversação erudita?... Parecem excelentes os ovos.

A Sra. Filomena, então, com solenidade, veio colocar-lhe ao pé uma garrafa de champanhe

O Saavedra pediu logo para abrir, porque o fazia com muito chique. E nas a rolha saltou, e, no silêncio que criou a cerimônia, se encheram os copos,

O Saavedra, que ficara de pé, disse:

- Conselheiro!

Acácio curvou-se, pálido.

- Conselheiro, é com o maior prazer que bebo, que todos bebemos, à saúde de um homem, que - e arremessando o braço, deu um puxão ao punho da camisa com eloquência -, pela sua respeitabilidade, a sua posição, os seus vastos conhecimentos, é um dos vultos deste país. À sua saúde, Conselheiro!

- Conselheiro! Conselheiro! Amigo Conselheiro!

Beberam com ruído. Acácio depois de limpar os beiços, passou a mão trémula pela calva, levantou-se comovido, e começou:

- Meus bons amigos! Eu não me preparei para esta circunstância. Se a soubesse de antemão, teria tomado algumas notas. Não tenho a verbosidade dos Rodrigos ou dos Garretts. E sinto que as lágrimas me vão embargar a voz...

Falou então de si, com modéstia: reconhecia, quando via na capital tão ilustres parlamentares, oradores tão sublimes,





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