O Primo Basílio - Cap. 11: CAPÍTULO XI Pág. 306 / 414

tão consumados estilistas; reconhecia que era um zero! - E com a mão erguida formava no ar, pela junção do polegar e do indicador, um 0: um zero! Proclamou o seu amor à pátria: que amanhã as instituições ou a família real precisassem dele - e o seu corpo, a sua

pena, o seu modesto pecúlio, tudo oferecia de bom grado! Queria derramar todo o seu sangue pelo trono! - E, prolixo, citou o Euriko, as instituições da Bélgica, Bocage e passagens dos seus prólogos. Honrou-se de pertencer à Sociedade Primeiro de Dezembro... - Nesse dia memorável - exclamou -, eu mesmo as minhas janelas, sem o luxo dos grandes estabelecimentos do Chiado, mas com uma alma sincera!

E terminou dizendo: - Não esqueçamos, meus amigos, como portugueses, de fazer votos pelo ilustrado monarca, que deu às neves da minha fronte, antes de descerem ao túmulo, a consolação de se poderem revestir com o honroso hábito de São Tiago! Meus amigos, à família real! - e ergueu o copo - à família modelo, que sentada ao leme do Estado, dirige, cercada dos grandes vultos da nossa política, dirige... - Procurou o fecho; havia um silêncio ansioso - dirige... - Através das lunetas negras, os seus olhos cravavam-se, à busca da inspiração, na travessa da aletria - dirige... - Coçou a calva, aflito; mas um sorriso clareou-lhe o aspecto, encontrara a frase; e estendendo o braço - ... dirige a barca da governação pública com inveja das nações vizinhas! A família real!

- À família real! - disseram com respeito.

O café foi servido na sala. As velas de estearina punham uma luz triste naquela habitação fria; o Conselheiro foi dar corda à caixa de música; e, ao som do coro nupcial da Lucia, ofereceu em redor charutos.

- E a Sra. Adelaide pode trazer os licores - disse à Filomena.





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