O Primo Basílio - Cap. 13: CAPÍTULO XIII Pág. 348 / 414

Na platéia, nas bancadas clareadas, sujeitos quase deitados namoravam com languidez; ou de pé, taciturnos, acariciavam as luvas; velhos diletantes, de lenço de seda, tomavam rapé, caturravam; e D. Felicidade interessava-se por duas espanholas de verde, que na superior imobilizavam, numa afetação casta, os seus corpos de lupanar.

Um colega de Jorge, magrinho e janota, entrou então no camarote: parecia animado e perguntou logo se não sabiam o grande escândalo!... Não. E o engenheiro, com gestos vivos das suas mãozinhas calçadas numas luvas esverdeadas, contou que a mulher do Palma, o deputado, sabiam, tinha fugido!...

- Para o estrangeiro?

- Qual! - E a voz do engenheiro tinha agudos triunfantes. - Ai é que estava o bonito. Para casa de um espanhol que morava defronte!... Era divino! De resto - e a sua voz tornou-se grave e estava entusiasmado com o baixo!

E depois de ter sorrido, olhado pelo binóculo, ficou calado, extenuado do que dissera, batendo apenas de vez em quando no joelho de Jorge, com um "Sim, Senhor!" familiar, ou um "Então que é feito?" amigável.

Mas a campainha retinia finamente. O engenheiro saiu, em bicos de pés. E o pano ergueu-se devagar na alegria da quermesse, cheia de uma luz branca e dura. Casas acasteladas branquejavam no pano de fundo, nalguma colina do Reno amiga das vinhas. Escarranchado sobre uma pipa, o barrigudo e folgazão Rei Cambrinus ria enormemente, erguendo, na sua atitude de tabuleta gótica, a vasta caneca emblemática da cerveja germânica. E estudantes, judeus, reitres e donzelas, nas suas cores vivas de paninho, moviam-se de um modo automático e sonâmbulo, aos compassos largos da instrumentação festiva.

A valsa então desenrolou-se languidamente, como um fio de melodia,





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