O Primo Basílio - Cap. 13: CAPÍTULO XIII Pág. 356 / 414

Tirou um papel pautado, examinou, acavalando a luneta no nariz, meditou com a mão em garra sobre a testa:

- O Mendes... Serve-te o Mendes?

Sebastião, que não conhecia o Mendes, acudiu logo:

- Sim, quem quiseres. É só para se mostrar...

- O Mendes. E um homenzarrão. É sério, foi da Guarda.

Fez-lhe aproximar o tinteiro; escreveu devagar a ordem; releu-a duas vezes; cortou os tt, secou-a à chaminé do candeeiro; e dobrando-a com solenidade:

- À segunda divisão!

- Obrigado, Vicente. É um grande favor... Obrigado. E agasalha-te, homem. E não te esqueças: água sulfúrica da Farmácia Azevedo na Rua de São Roque; meia chávena de leite fervido... E obrigado. Não queres nada, hem? ar

- Não. Dá uma placa ao Mendes. É sério, foi da Guarda!

- E acavalando as lunetas retomou o Homem dos três calções.

Sebastião daí a meia hora, seguido do robusto Mendes, que marchava militarmente, com os braços um pouco arqueados, encaminhava-se para casa de Jorge. Não tinha ainda um plano definido. Calculava naturalmente que Juliana vendo àquela hora da noite, o polícia com o seu terçado, se aterraria, imaginaria Boa Hora, o Limoeiro, a costa da África, entregaria as cartas, pediria misericórdia! E depois? Pensava vagamente em lhe pagar a passagem para o Brasil, ou dar-lhe quinhentos mil réis para ela se estabelecer longe, na província... O essencial era aterrá-la!

Juliana com efeito, depois de abrir a porta, apenas viu subir, atrás de Sebastião o policia, fez-se muito amarela, exclamou:

- Credo! Que temos nós?

Estava embrulhada num xale preto, e o candeeiro de petróleo, que ela erguia, prolongava na parede a sombra disforme da cuia.

- Ó Sra. Juliana, faça o favor de acender luz na sala - disse Sebastião tranquilamente.





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